sábado, 17 de setembro de 2011

Cultura alternativa em Sorocaba

Do Cruzeiro do Sul

Coletivos da cidade alugam casa para ser a sede de grupos da região
Pedro Pacheco é um dos responsáveis pelo Castelo Fora do Eixo, que fica na rua Capitão Nascimento Filho - Por: Emídio Marques
A proposta é a mesma da Casa Fora do Eixo da Capital, mas o endereço é diferente. São pouco mais de 100 quilômetros que separam o bairro da Liberdade, em São Paulo, onde está localizada a sede da rede de coletivos que integram o Circuito Fora do Eixo, da rua Capitão Nascimento Filho, em Sorocaba. E essa é a única distância existente entre a sede paulistana e a sorocabana, provisoriamente batizada de "Castelo Fora do Eixo", que será inaugurada no dia 14 de outubro, e leva o selo Fora do Eixo. "Aqui funcionará do mesmo jeito que funciona lá", explica o responsável pelo planejamento da casa sorocabana, Pedro Pacheco.


Bem resumidamente, a ideia é um espaço para agregar os coletivos culturais da cidade e da região. No local, várias atividades artísticas serão promovidas. Há menos de dez "casas-pólos" com o selo Fora do Eixo no Brasil, mas Sorocaba já vinha pensando essa possibilidade há tempos. "Não sei ao certo mas há uma em Porto Alegre, Uberlândia, Manaus, Belo Horizonte, São Paulo e mais algumas, além de Sorocaba agora", recorda Pacheco sobre todo o processo que envolve a articulação para a implantação até a peregrinação imobiliária por imobiliária, atrás do imóvel perfeito.


Há duas semanas encontraram o que julgam ideal para abrigar a proposta e atualmente estão na finalização dos consertos e reparos. "Trabalho de pedreiro mesmo", conta Pacheco sobre as atividades de passar massa, pintar e reparar alguns detalhes da casa, para que ela fique pronta para a inauguração. No momento, a casa ainda está sem móveis e sem cor. Mas esse é só mais um detalhe que em breve será sanado. É que tanto a pintura quanto a decoração do espaço ficará a cargo do núcleo de Artes Visuais do Circuito Fora do Eixo, chamado de "Compacto Arte". "Estamos esperando, eles irão fazer a casa de portifólio deles. Tem escultores também que virão arrumar tudo para a inauguração", fala Pacheco.
 
Articulação regional
 
O espaço lembra a sede paulistana: uma casa antiga e ampla, com muitos cômodos para as atividades como hospedagem solidária, estúdio para TV Web, sala de reuniões, de comunicação, para discussão de políticas culturais, sala para fotografia, produção e um quintal para as atividades externas como oficinas de silk-screen, estúdio musical, cineclube e esportes como boxe e skate. Ainda será a moradia fixa dos responsáveis pela manutenção e realização das atividades, lembra Pacheco, explicando que a articulação local para a instalação da casa que atenderá os coletivos de Sorocaba e região começou com os coletivos Sams, 015, Ideia Coletiva e Culturama.
 
"Trabalharemos como ponto de articulação entre coletivos locais e da região, oferecendo tecnologia, atividades e cursos", conta sobre a função social do "Castelo", que ainda terá espaço para o funcionamento de uma loja, onde os produtos confeccionados por eles, como discos, camisetas, chaveiros serão comercializados para ajudar na receita da casa, cujo aluguel é de R$ 1.500. Também terão espaço para comercialização na loja outros produtores e marcas independentes de Sorocaba.


Para organizar a vida financeira dos membros, os sorocabanos decidiram também utilizar uma moeda própria, ou card"s, como chamam. A intenção é a troca solidária de serviços por outros, simbolicamente através de uma moeda. "Ainda não pensamos no nome, mas teremos uma moeda sim para facilitar", adianta Pacheco sobre o modo de gestão financeira adotado pelo Coletivo Fora do Eixo, onde prevalece um caixa coletivo. O funcionamento é simples: toda verba obtida com eventos vai para o caixa, que mantém as despesas diárias do local, as atividades, os eventos e, claro, o pessoal à frente da empreitada.


Outro sucesso de evento da sede paulistana também será mantido no castelo: a festa de domingo. Porém, diferentemente do que ocorre na capital, a boca-livre com direito a shows, aberta ao público e onde aceita-se doações em troca de diversão, será, possivelmente, em outro dia da semana. "Não pensamos o melhor dia ainda", fala Pacheco analisando a programação de atividades.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Itu construindo seu Plano Municipal de Cultura

Do Blog do Conselho Municipal de Cultura de Itu - oficializado em 27 de agosto de 2010

Plano Municipal de Cultura de Itu

Planos de Cultura
São notáveis os avanços ocorridos na última década no campo da cultura, entretanto, não se deve ignorar os problemas recorrentes e consolidados que, hoje, constituem-se desafios ao poder público em seus níveis federal, estadual e municipal. Por um lado observamos a descontinuidade das políticas culturais, quase sempre atreladas a governos específicos. Por outro, a carência de profissionalismo e ineficácia na gestão dos recursos financeiros e humanos comprometem a qualidade das iniciativas. Soma-se a isso a dificuldade em garantir a participação ampla de todos os segmentos da sociedade civil nas discussões de políticas públicas do setor, acesso e promoção de atividades culturais, tendo em vista as divergências de opiniões sobre o que venha a ser “Cultura”.  
Pensando no enfrentamento desses desafios, encontra-se em plena construção em todo o país, o Sistema Nacional de Cultura (SNC), um instrumento que possibilitará a gestão integrada e compartilhada entre Estado e Sociedade Civil, a partir de uma concepção comum de política cultural que garantirá participação da sociedade de forma permanente e institucionalizada. O Sistema está baseado em um pensamento democrático, transparente e colaborativo, que pretende formular e implantar políticas públicas de cultura permanentes, pactuadas entre os entes da federação e a sociedade civil, promovendo o desenvolvimento – humano, social e econômico - com pleno exercício dos direitos culturais e acesso aos bens e serviços culturais.
Como importante elemento constitutivo do SNC, emergem o Plano Nacional de Cultura (PCN) e seus similares em nível Estadual e Municipal. Desta forma, a fim de consolidar o que recomenda a Constituição Brasileira, está previsto na Constituição Federal desde a aprovação da emenda número 48, de 2005 (que instituiu o Plano e seus objetivos) a criação do Plano Nacional de Cultura, transformado em Lei (12.343) e sancionado pelo Presidente Luiz Inácio lula da Silva em dezembro de 2010.
A Lei tem por finalidade o planejamento e implementação de políticas públicas de longo prazo (dez anos) voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. Diversidade que se observa nas práticas, serviços e bens artísticos e culturais que possibilitam o pleno exercício da cidadania e que podem contribuir com o desenvolvimento social, atrelado ao já consolidado desenvolvimento econômico. A Lei define princípios e objetivos para a área; discrimina os órgãos responsáveis pela condução das políticas; e aborda aspectos relativos ao financiamento de espetáculos e produtos culturais. Tudo isso, funcionando como elemento norteador das políticas regionais, através dos Planos Estaduais e Municipais.
A construção dos Planos Municipais deverá contemplar objetivos em consonância com os objetivos do Plano Nacional de Cultura: reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional brasileira;  proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial;  valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais; promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e coleções; universalizar o acesso à arte e à cultura; estimular a presença da arte e da cultura no ambiente educacional; estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores simbólicos;  estimular a sustentabilidade socioambiental; desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo cultural e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais; reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicionais e os direitos de seus detentores; qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado; profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais; descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura; consolidar processos de consulta e participação da sociedade na formulação das políticas culturais; ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no mundo contemporâneo; articular e integrar sistemas de gestão cultural. 
Considerando o caráter sistêmico proposto pelo ministério da Cultura, o Plano Nacional trará diretrizes a serem seguidas pelos estados e municípios, na elaboração de seus próprios planos de cultura. Os planos para a Cultura em nível municipal em consonância com os demais níveis da Federação, trará enormes benefícios advindos de uma política global, continuada e voltada a um objetivo maior: proporcionar condições para produção e acesso à riqueza cultural brasileira.

Plano Municipal de Cultura de Itu
O Plano Municipal de Cultura de Itu está em elaboração desde fevereiro de 2011, sob a coordenação do Conselho Municipal de Cultura da Estância Turística de Itu. Baseado em trabalhos já implantados em cidades brasileiras, como Recife, Petrópolis e Campo Grande, porém, em consonância com a realidade de Itu, o desenvolvimento do plano local está dividido em três etapas:
1 – Conceituação Geral: elucidação dos principais conceitos que se aplicam á elaboração do Plano Municipal de Cultura;
2 – Diagnósticos e Desafios: Economia da Cultura, Música, Artes Cênicas, Literatura e Bibliotecas, Artes Visuais e Áudio Visual, Patrimônio Arquitetônico, Atividades Artesanais de Expressão Local, Diversidade Étnico-Cultural, Terceiro Setor e Espaços Públicos Municipais, foram os eixos temáticos analisados de acordo com a realidade do município de Itu, e elaboradas propostas que possam subsidiar o desenvolvimento de programas, projetos e ações de curto, médio e longo prazo da gestão cultural da cidade. Essa etapa foi realizada por representantes das Instituições Membros do Conselho Municipal de Cultura e cidadãos convidados especialistas nas áreas citadas;
3 – Conferência Municipal de Cultura: ação que será realizada neste ano, quando serão apresentados os Diagnósticos e Desafios à comunidade para debate e aperfeiçoamento dos trabalhos, para finalização do Plano Municipal de Cultura de Itu.
Os Diagnósticos realizados dos eixos temáticos propostos foram apresentados, para conhecimento, contestação e aprimoramento, durante as reuniões mensais do Conselho de Cultura neste ano. Assim, de acordo com os trabalhos realizados, temos:
1.          Economia da Cultura, elaborado pelo Museu da Energia de Itu – apresenta um panorama da cultura no município e possíveis estratégias de desenvolvimento do setor, através de ações do poder público e da sociedade civil;
2.          Música, elaborado pelo Museu da Música, Associação dos Amigos e Escola de Música Eleazar de Carvalho (Assatemec) e Associação Coral Vozes de Itu – apresenta as instituições e grupos musicais atuantes em Itu e seus trabalhos realizados, destacando o Festival de Artes. Com o objetivo de promover a cultura e democratização da informação;
3.          Artes Cênicas, em processo de elaboração – produções de grupos e/ou instituições para promoção de diálogos interculturais;
4.          Literatura e Bibliotecas, elaborado pela Academia Ituana de Letras (Acadil), Biblioteca Comunitária Waldir de Souza Lima, Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Municipal de Itu Profº Olavo Valente de Almeida – prevê a inserção de eventos literários no Calendário Oficial da cidade e ações de intercâmbio com instituições da região;
5.          Artes Visuais e Áudio visual, elaborado por Paulo Ernesto – reflete sobre os desafios que proporcionem condições para a manutenção e aprimoramento das atividades;
6.          Patrimônio Arquitetônico, elaborado pelo Museu Republicano “Convenção de Itu” – tem como principal ação a realização de educação patrimonial através de parceria entre as instituições culturais locais e a Rede de Ensino municipal;
7.          Atividades Artesanais de Expressão Local, elaborado por Maria Cristina Tasca e Ana Paula Sbrissa – apresenta as produções de arte, bens simbólicos e gastronomia da cidade, e meios para a preservação da cultura imaterial;
8.          Diversidade Étnico-cultural, elaborado pela União Negra Ituana e Maria Cristina Tasca – expõe a atuação das instituições locais através de suas produções culturais com o intuito de promover a diversidade e o intercâmbio cultural;
9.          Terceiro Setor, elaborado pela Associação Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu – apresenta o desempenho das instituições locais na realização de projetos culturais como ferramenta de inclusão sociocultural;
10.      Espaços Públicos de Cultura, em processo de elaboração – expõe atuação do poder público como provedor de espaço de produção, intervenções, trocas culturais, garantindo, assim, os direitos e acesso ações culturais.
Os Diagnósticos e Desafios serão apresentados durante a realização da III Conferência Municipal de Cultura de Itu.

 III Conferência Municipal de Cultura de Itu
A III Conferência Municipal de Cultura de Itu terá como atribuições discutir os dez Diagnósticos realizados (Economia da Cultura, Música, Artes Cênicas, Literatura e Bibliotecas, Artes Visuais e Áudio Visual, Patrimônio Arquitetônico, Atividades Artesanais de Expressão Local, Diversidade Étnico-Cultural, Terceiro Setor e Espaços Públicos Municipais), com a tarefa de definir seus Programas Estratégicos que devem conter diretrizes, projetos e ações de curto, médio e longo prazo da gestão cultural da cidade, através do Plano Municipal de Cultura.
        A Conferência acontecerá nos dias 11 e 12 de novembro, com 100 vagas direcionadas para Instituições culturais; Produtores culturais; Artistas; Empresários; Estudantes; Sociedade civil em geral.